terça-feira, 30 de março de 2010

Das decisões e achismos

Enquanto tentava estudar para uma prova, percebi que o volume de assunto era absurdo para uma semana. Entretanto, se tivesse acompanhado a matéria aula a aula como pretendia no começo do semestre, a tarefa seria muito mais simples. Se eu tivesse feito o que devia, a minha situação seria mais tranquila agora. Mas não estou aqui para divagar sobre minhas notas nem nada disso, mas sim para falar um pouco sobre o que eu penso do "se".

Sou uma pessoa que se arrepende ao mínimo. Não vou mentir e dizer que não me arrependo nunca, comecei este post dando um clássico exemplo de arrependimento. Entretanto, na maioria das minhas ações, tento colocar a maior honestidade e consideração que puder, buscando minimizar a chance de arrependimento. Muito do que eu faço se volta contra mim, é claro. Não é porque minhas decisões são as mais verdadeiras de que sou capaz que são corretas. Não decido com a lógica apenas e mesmo nas escolhas racionalmente feitas há a possibilidade do erro. Acontece que ainda assim, estrago feito e situação totalmente adversa montada, não vejo real motivo para imaginar o que poderia ter acontecido caso minhas ações fossem diferentes. Como dito antes, minhas ações são fruto de meu modo de ver o mundo. Assim, o meu não arrependimento vem do fato de entender que no momento da dada escolha, eu não conseguiria sozinho enxergar os fatos de outra forma, portanto, a única escolha da qual eu seria capaz é a que foi efetivamente feita.

Quem me conhece, sabe bem que eu adoro explorar todas as possibilidades sempre que possível e conveniente. Estudo misticismo e filosofia existencialista em paralelo, por exemplo. A pluralidade me intriga. É por querer ver uma mesma situação sob várias lentes que busco sempre conhecer pontos de vista novos. Devo acrescentar que amo um debate bem fundamentado, as pessoas que me provocam intelectualmente são as que em geral tenho como melhores amigas. Tudo isso é facilmente associado ao meu desejo de tentar fazer a melhor escolha possível dentro de minhas limitações. Principalmente, mas não apenas, arrependo-me das vezes em que não fiz a melhor escolha segundo o meu critério.

Voltando ao caso descrito no primeiro parágrafo: no começo do semestre, a melhor escolha seria estudar calma e lentamente, acompanhando o desenrolar da matéria. Escolhi a preguiça e agora passo o feriado mergulhado em exercícios de campo elétrico. É desse tipo de coisa que me arrependo, de saber o que é "melhor" e seguir um outro caminho por letargia, falta de pulso ou qualquer que seja a razão. Sim, mesmo que eu tivesse me preparado dessa forma, nada garante que eu estaria em melhor situação agora, porque dada a minha ignorância da magnitude do assunto, pode ser que este seja bem mais complicado do que eu imagino e que um volume muito maior de esforço fosse necessário. Mas no caso de ter permanecido fiel ao plano, garanto que não haveria arrependimento.

Não direi que só me arrependo do que não fiz, pois do que eu fiz, mesmo levando em consideração todo o meu modo de agir ideal, lembro sim de decisões péssimas que já tomei. erro como erra qualquer um que arrisca e vez ou outra erro de forma colossal. Mas já dizia a grande Narcisa, a vida mesmo louca e absurda é um eterno aprendizado, então tento tirar destes erros, principalmente dos que me incomodam mais, alguma lição. Nem sempre consigo, mas do pouco que aprendo, cuido bem.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Da Idiotia.

Tenho a mesma doença que o príncipe Míchkin. Não a epilepsia, a outra "doença".Eu e inúmeros outros tolos bonzinhos, legais e justos que só às vezes têm sorte de encontrar pessoas que os consideram. Entretanto, aqui cabe falar apenas de mim mesmo. A questão é que só quero falas do que conheço, deixo as especulações para outro momento. Assim, como supostamente me conheço o suficiente para entender minhas motivações, serei eu o alvo da análise.

Não sou incapaz de ferir alguém ou de ser injusto, só evito ao máximo agir assim deliberadamente. Mas em épocas como esta, em que todo o bom senso me falha por questões emocionais, enxergo na falta de caráter a resposta para obter êxito no que tenho falhado. Isso se repete muitas vezes comigo e sei que estarei imerso nessa lógica distorcida e individualista várias outras vezes. O detalhe importante aqui é que por mais que eu esteja mal, devastado, deprimido ou compadecendo de qualquer outro sentimento negativo, nunca fui e ainda não sou capaz de ceder á tentação de desistir do que eu entendo por correto. Espero continuar assim, porque mesmo que me custe muito sofrer por agir dessa forma, custaria absurdamente mais abandonar quem eu sou.

Essa dor uma hora passa. Demora, arrasa, esmaga e humilha, mas acaba. Porque tudo acaba, seja bom ou ruim. E depois da torrente de desgraças, se existirá algo bom para restar de prova, será a consciência intacta. Estar bem comigo mesmo me vale bem mais que qualquer pequena recompensa que a desvia de conduta poderia trazer. Vale mesmo. Vale o mundo. E é essa certeza que torna o desespero experimentado agora suportável.

E quem concordar comigo, meus pêsames, pois é mais um paladino anacrônico. Um tolo orgulhoso e cabeça-dura. E eu saúdo este tolo e seu coração forte.

domingo, 28 de março de 2010

Apresentação.

Porque senti a súbita e imbecil vontade de dar vazão a tudo o que me passa pela cabeça, começarei a fazê-lo. Não hoje e muito menos agora, mas por acreditar que tudo tem uma justificativa, entendo que a minha iniciativa devia também ser explicada.

Gosto das coisas que compreendo. Assim, nada mais justo que faça aquilo que exijo dos outros: ser claro. Não tenho a pretensão de ser lido com assiduidade, até porque muito do que será escrito aqui não será exatamente o que vejo, sinto ou acredito, mas só o que penso no momento em que escrevo. Eu não raramente discordo de mim mesmo, então não serei ofendido se alguém mais discordar.

A quem importar possa, pretendo saborear o veneno da auto exposição sempre que possível. Ou não.