domingo, 5 de dezembro de 2010

Das leituras e releituras.

Eu separo ler de novo e reler em categorias bem distintas. Quem entende de português pode torcer o nariz, mas eu cometo esse pequeno absurdo por fins de argumento.

Entenda, reler, na minha concepção, ou melhor, na concepção do meu texto, é aborver informações já absorvidas da mesma forma que já feito antes. Ler de novo é encarar os fatos da mesma maneira que os encarou da primeira vez.

Parece absurdo, e sem a devida explicação é mesmo, supor que alguém que lê a fundo (usarei "ler" como qualquer forma de receber informações) alguma coisa possa ler aquilo de novo totalmente ignorante do que se trata. Mas a idéia não é essa. É idéia é ter a disposição a não direcionar de imediato os conceitos apresentados a conclusões já tiradas antes. É deixar que o que é lido tome todos os rumos que poderia ter timado na primeira leitura.

Mais que isso e aliado a isso, devo acrescentar que mesmo na real primeira leitura, o bom leitor já sabe o que esperar do que vai ler. Mas ele é espectador paciente e deixa que o espetáculo prossiga. Leia quantas vezes ler, ele saberá apreciar cada detalhe da obra e a cada nova leitura, ele descobrirá detalhes novos.

Já o releitor, lê uma vez e fecha a mente. Não importa o quanto reler e quantos novos fragmentos ele possa perceber: sua visão é uma e imutável. E morre em si mesmo, interpretando o diferente de uma mesma forma, não importando o ângulo pela qual olha.

E o que eu quero dizer com tudo isso? Bem, nada em especial, só peço que só leiam meus textos, evitem relê-los.

Rammstein

5 dias após o melhor, mais esperado e mais intenso show a que já assisti, resolvo tirar as teias de aranha disto aqui e comentar uma ou duas coisas a respeito.

Sabe aquele sonho maluco que parece imensamente distante e impossível de acontecer? Meses atrás eu comentava com quem tivesse saco de me ouvir reclamar que era horrível "saber" que a chance de ver minha banda favorita em atividade fazendo um show em meu país era mínima. Mas ai veio junho e tudo mudou. Começaram as especulações devido a uma entrevista de um dos membros da banda, dias fuçando fóruns, esperando confirmações. Julho chegou e confirmou-se show. Na Colômbia. Numa mistura de egocentristmo e esperança amalucada, o coro de fãs brasileiros foi unânime (ou quase):"Se confirmaram na Colômbia, confirmar aqui é questão de tempo apenas".

Foram apenas uns dias. Dias em um hiato de 11 anos. Mas os mais longos dias deste ano. Shows marcados no Chile e na Argentina e nada de marcarem show no Brasil. "Mas é o maior país da América Latina, impossível não passarem aqui!" "Se tudo der errado, vou pra Argentina nem que eu tenha que vender meu irmão."

Felizmente, para minha mãe, confirmou-se o show aqui. E após meses agoniantes de espera, o dia mais belo do ano, posto em vários anos diferentes. O fogo, os fogos, o condutor. Tudo perfeito, nada como eu esperava. Uma deliciosa surpresa atrás da outra superava cada espectativa pequena minha e firmava Rammstein como os senhores do palco.

Perdi minha voz lá pela quarta música, mas continuei a gritar. A voz retumbava da alma. Vinha da mais profunda felicidade que aquela situação me causava. Sai de lá extasiado como se tivesse ganhado o mundo aquela noite. E eu ganhei, ganhei sim. Aquelas memórias queimaram em minhas retinas deixando sua marca permanente.

Nunca antes o início de Rammlied foi tão verdadeiro. Aos meus ídolos, longa vida. RAMM-STEIN!

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Das espectativas e tédio

Ando entediado. Severamente entediado. Simplesmente parece que nada de novo acontece e que cada dia é apenas uma repetição de um padrão que eu já conheço, com pequenas alterações. Ando também despreocupado. Pelo fato de querer estar tranquilo na época do show do R+ (faltam 19 dias, fuck yeah), acabei de me dedicando bem mais este semestrena faculdade e devo dizer que valeu muito à pena, mas de maneira irônica, essa tranquilidade serve também para me afundar no tédio.

Da minha humanidade, talvez essa necessidade de emoção, de desafio, seja a parte mais intensa. Mas quando nada acontece, tudo parece tão igual que chega a ser sufocante. O que me consola, é que uma série de fatos épicos começa a se desencadear a partir do próximo sábado. Há uma boa chance de que eu vá conhecer um grande amigo (engraçada essa frase). pessoalmmente, digo, só conversamos pela internet. Há anos. A espectativa está num nível saudável, eu diria, e é engraçado notar como um amigo pode influenciar seu humor. Sonhei com essa passagem breve dele por aqui e tenho algumas boas idéias de como recepcioná-lo. Mas enfim, não é um post sobre meu amigo, embora ele mereça uns, mas sim sobre como oficializo a vinda dele pra São paulo, por poucas horas, mas boas horas, como a primeira peça de dominó a cair e iniciar o encadeamento de eventos tão esperados por mim.

Mas sim, o que melhor que ação pra quebrar o tédio? Que melhor poderia ser para acabar com o mormaço que uma ventania de ânimo causada pela sucessão de acontecimentos esperados? Sim, esperados. Associa-se o tédio ao conhecido, ao esperado. Mas eu digo que nunca se espera o tédio de verdade. Tédio é uma faceta da decepção de nada novo acontecer. Tédio é o inesperado, isso sim. O que não se quer, não se deseja.

Há algo mais humano que o desejo pelo novo? Que a vontade incontrolável de tomar o mundo e extrair dele tudo o que for proveitoso? Tédio é também se sentir preso a mesmice, a ser forçado a rever as mesmas coisas das mesmas formas sempre. Daí que cada detalhe novo que se apresenta num evento qualquer, mesmo que seja velho conhecido, é tragado com o maior dos prazeres por pessoas que mantém os olhos bem abertos.

Meu amigo de longa data vai passar por aqui. Eu já sei quem ele é, mas agora eu poderei cumprimentá-lo pessoalmente. Isso é mínimo. Isso é maior que qualquer coisa. Esse é o combustível da minha motivação neste exato momento. Eu menti quando disse estar entediado. Eu não me permito isso agora.

domingo, 24 de outubro de 2010

Das comparações.

Dia desses eu conversava com uma amiga e acabei falando sobre "O castelo". Para a minha surpresa, ela não conhecia nada de Kafka e eu tentei fazer uma breve explicação sobre o assunto. Querendo entender um pouco mais do que se tratava, ela me perguntou se "Kafka era uma espécie de Saramago húngaro". Fiquei sem resposta.

Entendam meus motivos: nunca li sequer uma página de qualquer livro de Saramago então não faço idéia dos pontos em comum que ele pode ter com Kafka. Mas o que realmente me paralisou, creio, não foi desconhecer a resposta, mas sim o ato de comparação que me pareceu um tanto rude (explico em outro dia porque), embora natural. Natural demais, até. Faz parte da lógica do humano adulto comparar o novo ao que já conhece e tentar encaixar o diferente em categorias quaisquer.

Quando criança, o homem toma pra si o fato como o vê. É praticamente desprovido de parâmetros, então tudo é novo e tudo é único. A medida que envelhece, a prende a questionar e transformar seus pontos de vista. Mas ao passo em que ganha consciência crítica, cria categorizações. Eu já escrevi n vezes sobre categorias aqui, não é disso exatamente que quero falar agora, mas sim do quanto isso pode ser sufocante.

Com o passar do tempo, a tendência natural seria a de criar cada vez mais caterorias e tentar catalogar o mundo inteiro. Mas não é isso o que realmente acontece. Com a maioria das pessoas o que ocorre é a chegada a um ponto crítico após o qual nada novo é aceito. Mesmo que se tenha contato com uma idéia diferente, pessoas que passaram do ponto crítico tentarão tornar aquilo familiar desmembrando o conceito em termos de velhos conhecidos. Um exemplo clássico é a primeira descrição de um abacaxi feita pelos europeus.

Chamo aqueles que passaram desse ponto crítico de caducos. Esse tipo de caduco é a suma da arrogância sem sequer perceber. Se não aceita que algo novo possa existir, é porque acredita que o que ele sabe já é o suficiente. Mas toda pessoa deveria saber que qualquer quantidade de conhecimento nunca é o suficiente. Não quero com isso defender que deve-se encarar o mundo como se tudo fosse novo, mas sim com a percepção de sempre vai haver algo que escapa ao que já conhecemos.

Entre o velho e o sábio existe uma distinção imensa: a capacidade que o último tem de reconhecer quando precisa rever seus critérios.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Sobre certezas.

Eu me questiono com uma certa frequência sobre minhas certezas. Não que eu costume mudá-las, mas eu acredito que é um bom exercício mental confirmar suas crenças aqui e ali. Sentimentos, pensamentos e impressões são mutáveis,evoluem, mudam de foco. Então, para me manter em contato comigo mesmo eu costumo refletir novamente sobre opiniões minhas já formadas e fundamentadas. Ter uma noção do rumo que venho tomando, uma sensação frágil de ter algum controle. Ou melhor, não controle, noção do que acontece.

Admito que não tenho muita preferência entre a mudança e a permanência das idéias no geral. Digo isso no sentido mais profundo de mudança, porque é impossível uma pessoa que gosta de exercitar a cabeça permanecer com as exatas mesmas idéias dado um bom período de tempo. Falo aqui da mudança superficial, a erosão que redesenha a superfície sem alterar a base de imediato.

Faço essa análise sem pressa ou desespero, gosto de estudar como o tempo e as experiências tem influência sobre mim. parece estranho, eu sei, que uma pessoa veja a si mesma como objeto de estudo. mas tudo o que é humano me fascina e eu mesmo não poderia estar excluído disso. Dito isso, devo acrescentar que tenho ficado feliz que minhas decisões importantes continuam sendo coerentes com meu entendimento do mundo. É importante andar lado a lado de si mesmo, não se perder. E não tenho me perdido de mim, embora não garanta estar em sintonia tão fina com outros.

Convido a todos a fazer o mesmo, se já não o fazem. Parar um pouco para respirar e pensar sobre si mesmo. Olhar fundo nos próprios olhos e conversar consigo. Muita gente não consegue o que quer porque nem sabe o que isso seria e essa é uma das causas maiores do desapontamento. A fórmula socrática é simples e atualíssima: conhece-te a ti mesmo. Faz bem, sabe?

sábado, 18 de setembro de 2010

Do pensamento livre.

De tudo o que eu defendo, certamente o pensamento livre é o meu maior protegido. E de preferência, o pensamento divergente. Meu ponto de vista é bem simples neste aspecto: onde não há confontro de idéias, não há espaço para que estas amadureçam. Meu blog é a minha prova maior dessa minha perspectiva, e embora ainda não tenha atingido o volume de debate que eu espero, de certo muito me agradam os comentários sobre o conteúdo que recebo aqui e ali.

Por mais simples que seja, meu horizonte no que diz respeito a esse assunto está longe de ser simplório. É cheio de pequenas nuances caracteristicas da minha tendência a ser cinza em vez de preto ou branco. Como dito antes, eu acredito que o pensamento deve ser trabalhado, lapidado. E a melhor forma de fazê-lo é confrontando-o com aquilo que é diferente dele, seja sua oposição ou discordâncias menores. Mas tal como diamante, deve-se formá-lo antes de lapidá-lo. Eu creio que toda idéia deve ter seu espaço para ser completamente formada antes de ser editada. Se há formatação do pensamento em sua fase de criação inicial, ele nunca mostrará todo o esplendor do que poderia ter sido. Em outras palavras, se antes mesmo de haver uma certeza em seu argumento ele já é contaminado pelo exterior, perde-se muito.

Todos que gostam de refletir, e não apenas engolir a verdade sensorial sem qualquer forma de tempero, acabam definindo seus próprios moldes de idéias. E é nas singularidades da mente que se encontra a verdadeira pureza que se deve dar ao nascimento de uma reflexão. Antes de ser apresentado ao mundo, o pensamento deve ser seu. E ao ser refinado por tudo o que não é seu, ele pode se tornar completo. A idéia livre não é a idéia que nasce em todas as direções, mas a que se deixa transformar em todas as direções, ou seja, a liberdade a que me refiro não é a apenas de criação, mas a de adaptação e mudança ou até mesmo de completa transformação.

Isto esclarecido, volto à importância dessa liberdade. O existencialismo nos brinda com o célebre conceito da condenação à liberdade. E é realmente um fardo, tanto quanto é um privilégio. Digo isso levando em conta a imensa responsabilidade em que ela acarreta. Pelo poder colossal que possue, torna-se arma perigosa na mãos de um orador de belas palavras e péssimas intensões. E ai reside mais um ponto importante:
a diferença entre liberdade e lidibinagem intelectual. Mas isso é assunto para outro post, não quero me prolongar mais. Até.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Do efeito placebo.

Não, não é um post sobre a banda, até porque eu não conheço nenhuma música deles. Efeito placebo, para quem não sabe, é quando você toma um remédio falso, mas ele acaba funcionando só pelo poder da auto-sugestão. Quero fakar sobre esse efeito nas relações humanas.
Pode parecer estranho, mas logo deixarei meu ponto de vista perfeitamente compreensível: falo das atitudes ou "verdades" falsas que são aceitas ou até memso preferidas como lubrificante das engrenagens sociais. Toda pessoa em algum momento acaba medicando sua mente de placebos sociais. A pequena ilusão nem é tão nociva assim, devo admitir, mas presencio mais e mais overdoses tristes.
A verdade, em algumas situações, é dolorosa. Mas de uma forma ou de outra, a verdade permanece o que ela é. Por mais que se ergam barreiras, por mais que se tomem analgésicos, se há dor, há algo errado em essência. A dor é o mecanismo de defesa mais básico. Ignorá-la ou tentar aniquilá-la sem atacar sua causa de origem é bobagem.
Mas é tão fácil fingir que nada acontece. Olhar nos olhos de quem nos incomoda profundamente e sorrir um sorriso amarelo e socialmente aceitável. Tenho asco disso. E apanho do mundo pelas minha demonstrações públicas de horror. Ser calmo e ser passivo são duas coisas diferentes. Da minha calma, inferem passividade e erram. Daí minha dificuldade em aceitar placebos sociais. Tentar ignorar um problema é a maior das passividades, uma gressão contra o espírito humano, que é agressivo por natureza. Confundem agressividade com destruição. Eu digo ser o oposto: o agressivo é o verdadeiro criador, o passivo é o verdadeiro destruidor. De si mesmo e de todos a quem dá exemplo.
Dá-se importância máxima à diplomacia da mentira, mas a real diplomacia, a real capacidade conciliadora está nas pessoas que não tomam placebos, mas tomam os mais amargos remédios e enfrentam os piores e mais dolorosos tratamentos a fim de realmente extinguirem o seu mal.
Eu aplaudo essas pessoas. E eu tento me incluir entre elas. De placebos sociais eu tenho ânsia, preciso de tratamentos de verdade.

domingo, 15 de agosto de 2010

Do passado.

Dia desses resolvi mexer um pouco no meu profile do lastfm e tive um daqueles momentos de encarar o "eu passado". Já disse outra vez que me arrependo de poucas coisas e a foto desse profile é uma delas. Aquele bigode é muito vergonhoso e a foto em si e péssima. Mas eu a deixo lá. Eu gosto de ter parâmetros e poder avaliar o quando eu mudei. O bigode é só um detalhe de uma coisa muito maior.

Eu já fui muito mais arrogante. Muito disso se devia a uma insegurança tremenda: seja ácido para manter todos afastados de você e não permitir que vejam o quão frágil você realmente é. Eu já fui muito mais desisterassado em relação às outras pessoas. Achava que o mundo estava podre, mas em vez de inspirar um sentimento de revolução e nobreza, apenas me fazia querer ter o mínimo de contato com tudo. Eu jamais odiei qualquer coisa, eu sequer ligava pra a maioria das coisas o suficiente para ter qualquer sentimento por elas.

Eu já fui muito mais mesquinho. Eu já fui muito mais sombrio. E muito mais idiota. Por ser sapo em poço, senhor do meu mundo, eu era bem mais seguro de minha insegurança: eu era ruim, mas tudo ao meu redor me parecia bem pior. Não valiam a pena. Nem eu, nem todo o resto.

Ai apareceu aquela pessoa. E toda a minha verdade valeu menos que nada. Se os olhos se abrem, tudo muda. Eu pude crescer. Porque por ela, eu queria ser mais, eu queria ir além. E fui. Mas só se cresce quando se bebe na fonte do mundo. Se antes tudo me parecia morto e inútil, de olhos abertos eu pude ver onde deveria saciar minha sede. Se antes eu me achava superior em minha inferioridade, de olhos abertos pude ver que em minha pequenez eu poderia ser completo também.

E foi como vento, logo veio, logo foi. Mas nada mais foi o mesmo depois dela. E eu a agradeço demais por me mostrar o que eu estava perdendo. O mundo, a vida. E é claro, ela me fez raspar aquele bigode horrível.

sábado, 7 de agosto de 2010

Sobre sonhos e realizações.

Hoje eu dei um passo que me deixou bem próximo de realizar um sonho que parecia impossível: assistir a um show da minha banda em atividade favorita. Eu ainda não acredito, tudo parece tão fantástico e belo que ainda não assimilei o que aconteceu.

E é disso que falava quando comentei num post do blog de um bom amigo meu esses dias, das pequenas(ou grandes como nesse caso) alegrias que nos tornam felizes. Não há felicidade, há momentos assim. Realizar um sonho, por menor que seja - o que não é o caso, é claro - é algo maravilhoso. A sensação de bem-estar é sem par.

E deve-se sonhar. E correr atrás. E sofrer decepções para aprender o caminho correto. Deve-se querer o todo que faz bem e lutar por ele a todo momento. E aceitar esse todo: ele não é o ideal de perfeição que o mundo dita, é, pois, a individualização da verdade que cada um deve ter. E o todo não é tudo. O que me alegra é o que ME alegra. Não é necessariamente válido para qualquer outra pessoa. É o meu desejo e o entendo assim, sem compará-lo a outros desejos de outras pessoas.

Já disse anteriormente e reafirmo: sonhar e fantasiar não são sinônimos. Sonhar é planejar caminhos para atingir o desejo. Fantasiar é mascarar a realidade para que esta se pareça com o desejo. É medo de enfrentar as dificuldades que a vida impõe a realização de sonhos.

Eu sonho muito. Eu desejo mais ainda. Eu luto as batalhas que me interessam até cansar. Não digo que meu exemplo deve ser seguido, mas uma coisa garanto: eu consigo encarar a vida com um sorriso bem largo e verdadeiro e me orgulho disso.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Das saudades.

Será possível que se sinta falta de alguém a ponto de passar a imaginar que sentiu o perfume dessa pessoa num transeunte aleatório? Tive essa impressão dia desses e me foi tão doce quanto deprimente, pois a memória dos momentos com tal pessoa realmente me é preciosa, mas a situação atual é triste.

Sinto falta de um sem-número de coisas. Minha figura talvez pareça adversa ao sentimentalismo e eu por várias vezes me mostrei muito mais inclinado a racionalizar os sentimentos do que a "emotivar" pensamentos. Mas sou um tanto cínico a tentar me isentar de tudo assim. Este é um blog de opiniões e pensamentos meus, é impossível separar totalmente o que sinto do que escrevo. Ou mais, o que sinto do que penso. Mas não tenho essa pretensão: sinto o que penso com a intensidade de mil sóis. Tudo o que é dito aqui por mim sou eu, eu completo. A minha premissa real não é o isolamento entre as várias visões que eu tenho do mundo, mais racionais ou emotivas, mas sim a amálgama que me é perfeita: Vejo o mundo assim porque eu decidi vê-lo assim.

Meus sentimentos, portanto, estão longe de serem diminuídos. Eu os levo sempre e minha aparente frieza é falácia. Sinto tanta saudades quanto qualquer um. Ou até mais, pois por conhecer-me bem a ponto de conseguir entender a mim mesmo com certa mestria, vejo o sentimento em toda a sua pureza.

Não quero com isso dizer que estou em lugar privilegiado, dor a mais não é privilégio algum. E também não quero menosprezar os sentimentos alheios, não me coube nunca o papel de juiz ou modelo para o mundo e faço apenas do que me cabe. Por isso falo apenas o que sinto de saudade, não o que entendo por saudade. É conceito comum a todos e conhecido por todos, não vejo necessidade de analisar o que o mundo já entende melhor que eu.

Não sinto falta apenas de pessoas, mas de situações, de momentos e de posturas. É natural que as pessoas mudem, mas por que algumas tornam-se caricaturas do que foram? Porque permitem que o mundo as carcoma e molde como subproduto da inutilidade. Nada pior que uma pessoa que não pensa por si: está morta e caminha por entre outras, vomitando verdades alheias. Quem antes tinha o espírito leve e vivo e deixa que o tédio do mundo o mate me causa saudades. Esse mundo precisa de mais perguntas e menos "sims".

Sinto falta, sobretudo, de quando eu me contentava em saber dessas coisas e não tinha essa enorme presunção de querer mudar o que vejo de errado.

Interlúdio I

Um pequeno post bem diferente do que eu estou a costumado a postar, resolvi escrever este para explicar uns detalhes e amarrar algumas coisas que ficaram soltas em posts anteriores e falar de coisas meio triviais, mas que me interessam.

-A motivação do meu post "sobre o desespero" foi uma péssima semana no final de Junho em que várias incertezas se acumularam e eu me senti encurralado. Só resolvi escrever sobre o assunto quando já estava completamente melhor, uma visão do "curado" sobre a doença é sempre mais racional que a do doente.

-Eu padronizo posts com "sobre" ou "do(a)" por um motivo especial: eu procuro manter posts com o título "sobre" bem mais analíticos e construídos com argumentos sólidos, aos passos que os posts com título "do(a)" são escritos com pura opinião e sem qualquer compromisso em me justificar. É claro que essas são só as intenções e talvez não sejam exatamente como saíram os posts, mas é um detalhe de que cuido e pretendo continuar cuidando.

-Finalmente estou lendo o último livro que me faltava para ler tudo de Nietzsche. Como sempre, está sendo uma leitura gostosa e bem interessante.

-Rammstein virá para o Brasil, coisa que eu não esperava que acontecesse tão cedo. Nunca me senti tão bem por estar errado.

-Este post também serviria de FAQ, se hovesse perguntas frequentes. Como não há, tchau.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Sobre o tédio.

Toda vez que termina uma PQCON, a volta para a rotina se mostra muito mais cruel. Após dias de eventos épicos, um dia mexendo no pc e fazendo nada é 100 vezes pior de se encarar. Tédio, maldito e colossal. Este post tratará um pouco deste tema.

Tédio é mais uma daquelas emoções bem comuns e desagradáveis e sinceramente não me inspira muito a sua análise. Porém, ao ser acometido dela como se em enxurrada, é inevitável que eu queira dar minha opinião.

O entediado enxerga o mundo cinza. Nada lhe agrada, nada é interessante, pelo menos nada dentro do rotineiro. Tarefas simples tornam-se martírios e conversas bobas são encaradas como tortura. O mundo trava e tudo perde o brilho.

Se não tratado logo ou se surgir numa dose muito grande, pode ser muito perigoso. O tédio é uma porta de facílimo acesso para a depressão e esta sim é um mal avassalador(sem referência ao funk). Mais que isso, até, o tédio é fertilizante das piores idéias e conclusões a medida que é ávido em manter a cabeça vazia de pensamentos construtivos, dando espaço a todo o resto.

É irmão da solidão e atinge tanto os cheios de problemas quanto aqueles que não os tem, mas acabam criando problemas imaginários devido á influência desse sentimento inoportuno. Uns dirão que tem o que fazer não fica entediado, mas isso é falso. Não é a ocupação que mata o tédio, mas sim o interesse pela ocupação. Uma pessoa muito ocupada pode também ser entediada. Como exemplo clássico, basta olhar nos olhos da maioria das pessoas obrigadas a ter um emprego do qual não gostam para poder sobreviver. Olhos apáticos e entediados, que embora tenham um mundo de preocupações e ocupações para ocupar sua cabeça, criam mais algumas por influência do desgosto de fazerem algo que não lhes agrada.

Sinto-me entediado agora, mas logo passa. Só preciso de uma boa dose de companhias agradáveis e conversas produtivas e talvez alguns posts por aqui. Ah sim, adoro meus 4(se isso) leitores, mas escrevo por mim mesmo, fellows. Embora seja bom saber que alguém concorda comigo de vez em quando. Ou não.

domingo, 11 de julho de 2010

Sobre o desespero.

Dentre emoções que mais me intrigam, esta é uma das mais desafiadoras e complexas. Sim, tenho rankings para tudo, mas não é disso que falarei agora.

Não me atreverei a fazer uma análise muito longa por dois motivos: não quero entediar meus pouquíssimos leitores e o senhor Kierkegaard já o fez com mestria e como partilho de muitos de seus pontos de vista, meu texto se tornaria uma releitura amadora.

O desespero nos atinge a todos em algum momento da vida, isso é fato. Em verdade, não só em algum momento, mas em vários e em algumas vidas, momentos poucos não são puro pesar. Surge de várias fontes e tem como sintoma máximo a sensação de total impotência diante do que pode acontecer, acontece ou aconteceu. Perde-se o sono, a alegria e finalmente, a vontade de viver. É sorrateiro e certeiro e leva a atitudes impossíveis numa situação normal. Destaco o normal, pois o desespero é doença e não deve ser tratado como menos.

Mesmo otimistas como eu estão sujeitos aos seus desconcertos. Não há real forma de evitá-lo, mas há como combatê-lo. É alimentado pelas ilusões de incapacidade que ele mesmo cria, portanto definhará se não lhe for permitido agir. Em teoria, algo muito simples, mas toda pessoa que já se sentiu incapaz sabe como é difícil superar isso, supondo claro que já tenha conseguido superar. Quem não acredita na própria capacidade de realizar, não ousa sequer tentar.

A efetiva arma contra o desespero é a verdade. Enxergar a verdade como ela é e não pelas lentes do desespero. Toda perda, por pior que seja, ainda deixa algo se não revela a importância de outra coisa. Enquanto o espírito, aqui representando a força de vontade, estiver inteiro, é possível enfrentar qualquer obstáculo.

O ser humano é pequeno e limitado e essa limitação machuca seu ego. É bem menos susceptível à perdição da auto-piedade aquele que conhece e aceita sua fraqueza. Portanto, quem sabe exatemente o que tem a perder, não é surpreendido quando o perde ou pela ameaça de perdê-lo, além de ser capaz de se reerguer muito mais rapidamente por já saber com o que ainda pode contar. É mais sereno e verdadeiro, pois vive de realidade, não de sonhos de grandeza inexistente. Cai de muito mais baixo e sabe onde cai quando é atingido, por isso sabe encarar melhor a dor.

É o orgulho que nos torna mais frágeis. A incapacidade de aceitar que podemos perder a qualquer momento e por isso, devemos saber aproveitar bem o que é nosso enquanto é nosso. Mas é da natureza humana só dar valor ao que tem quando o perde e ter certeza de que o que rodeia é seu e permanecerá assim. A única certeza da vida é a morte.

Não digo que o sonho potencializa a vulnerabilidade perante o desespero, não faria sentido algum essa linha lógica. O sonho é o vento sob as asas do espírito e é o guia das realizações. Quem não sonha ou não luta por seus sonhos também cai fácil perante o desespero. Mas isso não é contraditório em realação ao dito antes? Não é quem tem os pés na realidade que combate o desespero.

Quero deixar claro uma coisa: sonhar e iludir-se são duas coisas bem diferentes que podem eventualmente misturarem-se, mas não são inseparáveis. Sonhar é desejar o que não se tem, iludir-se é mascarar a realidade. Pessoas com objetivos tendem a não serem levadas por pensamentos auto-destrutivos ou pelo menos resistem mais do que pessoas sem norte. Isso é fundamental para podar o desespero e para o auto-conhecimento. Quem sabe o que quer e corre atrás, acaba compreendedo suas reais limitações muito mais rápido e pode crescer com isso.

Bem, no momento é o que quero dizer, mas certamente não é tudo o que tenho a dizer sobre o tema. Um dia, logo ou não, esclareço a motivação desse post. Por hora, é só isso.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Sobre sorte.

Um misto de felicidade e sausdade enche meu peito, mas não é sobre isso que falarei agora. Em vez disso, contarei sobre um dia realmente singular, meu último sábado.

De manhã cedo, encontrei com uma querida amiga minha que gentilamente havia se oferecido para ser minha guia até um parque próximo ao hotel em que eu estava hospedado. Ao chegar lá, andamos um pouco, mas logo nos sentamos à sombra para aproveitarmos a companhia um do outro e conversar. Em algum momento, meu celular resolveu desligar-se sozinho e para que não ficasse nos incomodando, retirei-o do bolso e o coloquei ao meu lado no banco em que estávamos sentados.

E como sempre é quando estamos fazendo algo bom, o tempo voou e logo era hora de irmos para casa de nossa amiga, pois tínhamos marcado de assistir ao jogo da Alemanha(só da Alemanha mesmo, porque ela atropleou \o/). Após cerca de meia hora de caminhada, chegamos ao apartamento dessa amiga e eu percebi que havia esquecido meu celular no banco do parque. Nem posso descrever o quanto me senti idiota por isso. Enfim, eu não tinha esperança alguma de encontrar meu celular, é claro, mas a minha amável amiga não se ofereceu tão prontamente a voltar comigo para tentar procurá-lo que eu não pude recusar.

Ao chegarmos lá, confirmei minha hipótese e enquanto minha bela guia me consolava por minha perda, a nossa amiga liga para ela falando o improvável: uma mulher encontrou meu celular e resolveu ligar para o último número discado, que no caso era o dessa amiga. Aparentemente, a dona Kelise encontrou o cel enquanto caminhava pelo parque e temendo que algum meliante o levasse, guardou-o e me esperou voltar por um tempo. Como ninguém apareceu, resolveu voltar para o seu caminho, o shopping Catuí e avisou a alguém que poderia querer saber desse celular.

Eu estava incrédulo. Um celular que eu já havia dado como perdido, agora estava a 20 minutos de distância. Fomos até o shopping e percebemos nosso pequeno erro de logística: como encontraríamos a mulher naquele lugar enorme sem nem saber como ela era?

Comprei um cartão telefônico e meu desespero recomeçou: meu celular não atendia de forma alguma e o prazo de tempo que a mulher havia dado estava acabando. Tentei de várias formas contactar meu aparelho e nada adiantou. Por fim, seguimos a sugestão da nossa amiga que nos receberia para ver o jogo, a essa altura quase no fim, a propósito, e anunciamos o nome da moça que havia ligado, afinal Kelise não é um nome que se ouve todo dia.

Não deu 3 minutos e lá estava ela com meu celular. Ela explicou que havia estranhado muito eu não ter tentado ligar mais e nessa hora eu percebi que meu celular estava com defeito, mas isso é outra história. Eu não sabia como agradecer, aquela mulher foi uma das heroínas do dia.

Minha amiga guia, a amiga anfitriã e a moça que resgatou meu celular, 3 pessoas que foram fundamentais para o final feliz dessa história. As duas primeiras principalmente. Me mostraram que eu pude realmente contar com elas quando precisei e isso não tem preço.

Disso tudo, tirei algumas morais bem interessantes:
1-Ainda existem pessoas honestas no mundo;
2-Celly e Vanessa são duas pessoas com quem eu realmente posso contar;
3-Eu sou sortudo pra caralho;

No mais, devo dizer que apesar da correria desse dia, eu gostei muito porque pude passar um bom tempo ao lado dessa pessoa maravilhosa chamada Celly e isso foi magnífico. Até outro post, folks.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Sobre a copa.

Novamente chega a única época na qual o povo brasileiro torna-se nacionalista ufanista. Ruas pintadas, bandeiras penduradas, muito barulho e festa. Existe apenas o futebol, nada mais importa. O país para. E muita gente odeia isso.

Sinceramente, eu concordo com os que dizem que o país não deveria parar por causa da copa do mundo. É o evento mais importante do esporte mais importante para muitos, mas não é mais que isso, um esporte. Mas eu mentiria se dissesse que não entendo o porque dessa loucura coletiva.

O povo brasileiro sofre do mal crônico do descaso dos responsáveis pelo seu bem-estar desde sempre. Isso, combinado à letargia política da massa, torna a condição dessa ainda mais alienada dos seus direitos básicos. Massacra-se, humilha-se, destrói-se o povo e aniquila-se suas perspectivas. O resultado disso é um dócil rebanho, facilmente guiado.

Mas mesmo rebanho tem uma ponta de orgulho, uma vontade de realização. Eis que entra em cena a válvula de escape perfeita: a copa. O ufanismo só funciona como tal pois não há alternativa. Se não há mais nada do que se orgulhar, que todo o orgulho de ser brasileiro se projete no futebol. Ter "a melhor seleção do mundo" não é exatamente o motivo ideal para se orgulhar. Quisera que nosso orgulho fossem as excelente condições de vida do povo ou a sólida e independente economia do país, mas pelos motivos descritos acima, não são, infelizmente. O orgulho desse futebol campeão é infantil, até, mas jamais idiota. Não há idiotice em orgulhar de ser o que é pelas realizações de seus compatriotas.

A vida não para por causa da copa. Os políticos brasileiros continuam corruptos e nossos sistemas educacional e de saúde pública continuam tendo vários problemas graves. Mas esta época é a única em que é permitido ao brasileiro levantar-se e declarar-se como melhor do mundo. É um sentimento único, revigorante, como se nada mais importasse por um instante. Essa alegria, embora fútil, é necessária. Pois para o caído, há de haver uma pequena alegria ou entrará no desespero máximo. E o desesperado não muda o mundo ao seu redor, engole-o como tempero de suas amarguras e jamais se ergue contra o que o orpime. Creio que enquanto há alegria, há esperança de mudança. Portanto, condene-se a letargia do povo, mas nunca a sua alegria.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Sobre planos e destino.

Muitas correntes de pensamento e crenças defendem que se uma coisa acontece, é porque uma força maior como o destino ou uma entidade superior determinou isso. Uma bobagem enorme,na minha opinião. O futuro é apenas um conceito que define o que vai acontecer e não uma sequencia pré-determinada de acontecimentos. Tudo o que de fato acontece é consequência única e somente de um desencadeamento de fatos anteriores, não de uma vontade suprema. Sou bem existencialista na minha forma de encarar meus sucessos e fracassos e não vejo porque não ser.

Detesto quando me dizem "não era para ser". Não existe isso. Não foi porque a conjuntura dos fatos levou a não ser, ou melhor, levou a ser outra coisa diferente do esperado. Esse é um problema grave, a decepção. A chance das coisas acontecerem exatamente como desejamos é mínima, todos temos conciência plena disso. Basicamente, o que separa um otimista de um pessimista é a margem de diferença aceita entre a realidade e o ideal.

Alguém agora poderia me acusar de hipocrisia, visto que eu me interesso por tarot e coisas esotéricas. Digo que não acreditar em destino e ter esses interesses não são coisas mutualmente excludentes: pesquiso sobre a parte prática e científica, a análise psicológica envolvida nesses processos.

Se deu errado, tente de novo de outra forma ou parta para outra. Não é pondo a culpa em uma coisa sobre a qual não se tem controle algum que as coisas vão acontecer do seu jeito. E era isso.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Sobre relacionamentos e posse.

Dia desses, enquanto andava para esfriar a cabeça, comecei a pensar sobre o porquê de sentirmos ciumes. É lugar comum dizer que é tudo fruto de insegurança e coisas do gênero, então minha análise será sobre algo menos superficial do que a causa primeira, falarei do que creio ser a raiz do ciume e também de outros comportamentos associados.

Todo relacionamento é baseado no interesse. Exclua todo e qualquer juízo de valor da palavra interesse em minha afirmação: não falo de manipulação de pessoas para conseguir algo, refiro-me à necessidade básica do ser humano de se relacionar. Somos uma espécie coletiva, é natural unirmo-nos em grupos. Mais natural ainda é que esses grupos surjam por afinidades em comum, já que a unidade mantem-se muito mais facilmente entre pessoas que partilham gostos e pontos de vista. É desejo intrínseco do homem associar-se a outros, fruto da sua ciência da própria fraqueza. Fraqueza física mesmo. Os primeiros dos nossos união-se para caçar e para protegerem uns aos outros. Dividiram tarefas e resultados, algo comum em várias espécies sociais. A diferença em nosso caso é o avançado grau de consciência e, com isso, de complexidade dos laços formados. Ainda assim, nos relacionamos ainda pela necessidade de não estarmos sós.

Mais que isso, é pelo prazer de estarmos acompanhados. Ter um bom amigo é ter com quem contar quando se tem problemas e com quem dividir as vitórias. Ter alguém em quem confiar é algo tão prezado que acabamos criando mecanismos de defesa para as efêmeras relações humanas. Sim, bem efêmeras. Um relacionamento é baseado em compromisso mútuo de se comportar de uma certa maneira. Não há garantia nenhuma de que um dos envolvidos não vai simplesmente romper o acordo a qualquer momento. É claro que estou sendo canalha ao analisar friamente essa questão. Há sentimentos e outros aspectos que tornam esse rompimento algo nada trivial, mas o escopo da minha análise é racionalizar ao máximo o comportamento descrito.

Dos mecanismos de defesas criados, os mais comuns são o sentimento de posse e a hábito de ceder. O sentimento de posse é sem dúvida alguma o mais criticado e ao qual costuma-se referir de forma taxativa. Dele vem o ciume. Temos a tendência de acreditar que tudo aquilo que nos pertence não vai nos abandonar com facilidade e por isso, tomamos posse dos relacionamentos e das pessoas com quem nos relacionamos. Todos fazemos isso, em maior ou menor escala. Quando você se chateia porque um amigo seu falou com uma pessoa de quem você não gosta, é seu sentimento de posse falando alto e "alertando" contra um possível distanciamento dele da sua esfera de amizades. é natural e inevitável. O que pode ser evitado é o comportamento destrutivo associado a esse sentimento de posse. O mais interessante para mim é que a idéia da posse é um absurdo por se só, não só porque nunca se é dono de outra pessoa, mas porque não se pode ser dono de um relacionamento. É algo que não pertence a ninguém.

Mas quero me ater bem mais ao outro mecanismos citado: o hábito de ceder. Sim, eu o vejo como mecanismo de defesa. Essa é outra definição que faço aqui sem juízo de valor. Ceder é a base da diplomacia e é a porta do entendimento. Justamente por isso é um importante mecanismo de defesa de um relacionamento. Sem que se ceda, nenhum conflito pode ser realmente resolvido. A força não resolve problemas, ela só os desloca. Sem que se resolvam os problemas, eles se acumulam e acabam por tornar inviável a convivência entre duas ou mais pessoas. Sufocam qualquer intenção de relacionamento. A questão que gostaria de ressaltar é que ceder, embora necessário, pode ser tão ou mais perigoso que o excesso de sentimento de posse. Deixar que todos ao seu redor sempre tenham o que querem em detrimento ao que te é importante pode acabar com sua identidade.

Pode parecer absurdo dizer isso fora de contexto, mas todos já viram exemplos de pessoas que se entregam totalmente a outras e se deixam levar como garrafas atiradas ao mar. Tudo pelo intenso medo de perder algo que lhe é tão precioso. Chegam ao extremo de relegar o mundo em função de uma pessoa apenas. É triste, mas relativamente comum.

Há coisas que nos são naturais e inalienáveis, mas os comportamentos derivados delas são perfeitamente controláveis e dirigíveis. Não existe um ser humano que não sinta ciume quando vê uma ameaça ao que tem como seu ou que não saiba que ceder é o caminho mais fácil para conseguir simpatia, mas se não dosados corretamente, levam a problemas graves. E é isso o que tenho a dizer agora.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Sobre limitações e problemas bobos.

Estou com bolhas bem chatinhas e doloridas nos pés e isso afetou barbaramente a minha rotina. Hoje eu procurei os percursos mais curtos e otimizei as funções disponíveis em cada ambiente; a mesa do meu computador virou um pequeno forte com tudo organizado e separado para as minhas diversas atividades. Normalmente as minhas coisas ficam espalhadas e eu estou sempre andando pela casa para pegar isso ou aquilo de que preciso no momento.

Uma pequena limitação me forçou a agir com praticidade e devo confessar que minha tarde rendeu bastante por causa disso. É interessante notar que um pequeno problema pode de certa forma representar uma solução.

Acho engraçado como essa minha visão é compartilhada com tão pouca gente. O que mais vejo são pessoas que reclamam horrores da vida por pequenas aflições e incomodos menores. Bobagem enorme. O mundo não vai rodar ao contrário porque um chatinho bate o pé. caso o reclamildo em questão gastasse a energia investida na reclamação em ação para resolver seu problemuxo, certeza que o sanaria num piscar de dedos.

Isso me cansa. Principalmente quando comparo reclamildos aos hardasses que conheço. Pessoas capazes de segurar as pontas bem mais do que eu conseguiria sem sequer chiar. Essas sim merecem meu respeito. O mundo já é escroto o suficiente sem ter alguém no seu ouvido te enchendo a paciência porque quebrou a unha ou qualquer outra coisa mínima. Admiro quem tem que conviver com pessoas escrotas no lugar em que mora e só reclama quando a situação está realmente tensa. Quem é capaz de lidar com as situações ruins e só busca ajuda quando realmente precisa, sem ficar alugando o ouvido de outros por idiotices. O mundo seria um lugar bem mais agradável se não houvessem tantos reclamildos overeacting por ai.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Sobre sombras e luz.

Hoje, enquanto estava sentado esperando meu ônibus, olhei para a frente e vi sombras na minha frente. Mas não eram simples sombras, ela pareciam balançar como bandeiras ao vento, pareciam querer saltar do chão. Fiquei curioso com aquele efeito visual e numa busca rápida com os olhos, percebi que isto estava sendo causado pelas barras de aço das laterais do terminal de ônibus, que ao mesmo tempo que tinham sua sombra, refletiam um pouco da luz do sol em ângulos diferentes, causando uma impressão bem interessante nas sombras das pessoas que passavam do lado de fora.

Após um olhar mais atento, notei também que eu só via esse efeito de sombra trêmula no espaço bem em frente a mim: à direita ou à esquerda, as sombras dos transeuntes eram tão comum quanto quaisquer outras. Tudo uma questão do ângulo com que as observei. Conheço inúmeras pessoas que são como essas sombras.

Pessoas que por algum motivo, parecem ser mais interessantes do que realmente são. E assim parecem pois são vistas por ângulos especiais. Pelos olhos do apaixonado, pela lente do pupilo, pela visão do fã etc. Tornam-se únicas, diferentes, admiráveis. Tudo ilusório.. São só sombras, como milhões de outras.

Entretanto, felizmente existem pessoas que estão mais para luz que para sombras. Pessoas que realmente fazem a vida de outros melhor. Brilham por brilhar e fazem bem sem pensar. Não falo de santos, anjos ou whatever, nem sou dado a crer nesses tipo de coisa. As pessoas luz são aquelas que tornam a vida mais agradável só agindo naturalmente. Os bons amigos, aquele tiozinho jornaleiro que dá bom dia sorrindo sinceramente, aquele maluco que posta aleatoriedades num fórum e te faz rir feito um idiota, essas eu considero "luzes".

Meu chaveirinho é uma dessas pessoas pra mim, me faz feliz só por conversar comigo. O mundo precisa de mais luzes, já tem sombras demais. E vou parar de escrever antes que o meu tom torne-se muito auo-ajuda.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Ein kleiner Mensch stirbt nur zum Schein

O título não tem nada a ver com o tema desse post, mas acabei de ler a atualização mais recente de um bom amigo e fiquei com essa frase na cabeça.

Falarei sobre meu pior vício: o diferente. Sim, uma palavra solta assim soa genérica, eu sei, mas é uma tendência genérica minha, portanto é adequada. Sou naturalmente atraído pelo diferente. Não pelo dito inusitado ou "cool", isso é lugar comum para a maioria das pessoas, na verdade. O que me chama a atenção, o que me enreda os sentidos, é o obscuro, o complicado, o absurdo.

Seja no que for, acabo me envolvendo mais profundamente com aquilo que parece mais problemático. a mulher mais maluca, o curso mais bizarro, a banda mais incompreendida, o filme mais sem nexo etc. Não é proposital. Mas acontece. Volta e meia me vejo "preso" a um novo gosto que poucas pessoas compreendem. Normalmente, isso não me causa nenhum problema, mas há excessões desgraçadas que renderiam um livro caso compiladas. Um livro bem ruim, diga-se de passagem, não foram experiências nada agradáveis.

Eu não sou metido a indiezinho revolucionário, longe de mim. Mas chega a ser engraçado como eu me apego a detalhes que dão um tom meio bizarro às coisas. Vejo nisso um charme como nenhum outro. Aquela garota magrela de óculos, aquela banda que canta sobre S&M, aquela bebida que ninguém suporta. Eu vejo beleza nos excluídos.

É claro que gosto de coisas ditas "normais" também, mas isso não vem ao caso. Aliás, este post é como continuação do anterior, já que a maioria desses meus gostos B "não combinam" comigo, segundo certas pessoas. Eu acho isso divertidíssimo. Não contentes em me rotular, querem também me dizer o que eu posso ou não curtir. o Mundo é mesmo um antro de gente maluca.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Das más interpretações.

Eu só entendo as pessoas quando as ações delas nada tem a ver comigo. Leio suas intensões como livros e decifro até seus menores gestos. Mas sou incapaz de entender algo quando diz respeito a mim. Sou cego ou vejo o que não existe. Sou surdo ou ouço demais e o que quero ouvir.

A origem dessa contradição eu desconheço. Vai ver é fruto da minha dita frieza. Tendo a ser sempre menos carinhoso/atencioso/caloroso com as pessoas do que elas comigo, mas não por antipatia a elas, é só o meu jeito. Assim, sempre que alguém é particularmente carinhoso comigo, não noto muita diferença. Ou quando esse é só o jeito da pessoa, interpreto errado. É interessante como eu tendo a errar nesses julgamentos.

Também já notei que passo uma impressão estranha para as pessoas. De ser bruto, inerte, duro demais pra ter preocupações humanas. Não é intecional, aliás, é até incômodo. Quantas vezes já ouvi o comentário "nossa, vc se sentindo assim? que inesperado..."? Nem faço idéia, mas é bem mais comum do que eu gostaria. Pelo menos quem me conhece bem sabe que eu sou só humano e isso já me basta.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Suponha ser possível racionalizar tudo. Analisar com frieza e detalhamento minucioso tudo o que existe. Quantificar exatamente as coisas e ter idéia precisa do que se tratam. Que todas as teorias largamente aceitas pudessem ser provadas experimentalmente e que tudo o que é dito e verdadeiro pudesse ser estampado nas ideias das pessoas. Suponha um mundo sem incertezas, indecisões, tolices do acaso ou meias palavras. Tudo preto no brano, funcionando perfeitamente como um relógio, sem reviravoltas, imprevistos, falsidades, achismos, misticismos, loucuras, crendices ou qualquer coisa que pudesse tornar parcial um resultado.

Um mundo de opiniões absolutas, retas e certas, enquadradas em modelos perfeitos e aprovadas por todos. nada de contradições, nem suposições, nem absurdos da falta de lógica ou arrojos sentimentais. Sem nada além da certeza de tudo. Da sequência de tudo.

Um mundo assim é o que eu digo que queria. E o que sinto que odiaria.

sábado, 3 de abril de 2010

Músicas e pessoas

Costumo associar cada pessoa que conheço e é relevante para mim com alguma música. Não sigo lógica alguma nisso, para ser sincero. Associo pela letra, pela melodia ou simplesmente porque foi essa tal pessoa que me indicou a música. Gosto de fazer isso, mas é perigoso. Desperta lembranças demais, muitas vezes em momentos nos quais não queria pensar em nada, só apreciar um bom som.

Uma vez feita a associação, dificilmente será desfeita. E é menos provável ainda que não lembre da pessoa ao ouvir a música, não tem como. Eu ouço surfing bird e lembro do meu amigo Renato (senhor Arruda, risos), escuto killing in the name e lembro do meu irmão. Enfim, para cada pessoa uma música e torna-se um par quase inseparável em minha cabeça.

Recentemente, associei Ruby, do Kaiser Chiefs, a uma certa pessoa. Aliás, associaram por mim e ao perceber como era perfeita a analogia, aceitei-a de pronto. Certeza de que me lembrarei desta pessoa enquanto ouvir Ruby e será uma sensação engraçada, misto de várias coisas chatas e alegres e incompatíveis com este assunto, creio. Tratarei apenas de um quesito subjetivo neste post.

Associo também momentos a músicas. Como trilha sonoras da minha memória, sons do tempo. Blitzkrieg Bop é a música do meu terceiro ano do ensino médio e sempre será. Eu ganhei minha primeira (e única, btw) medalha no caratê ao som de Breathe, do Prodigy. Terminei com minha última namorada ao som de Creep, do Jet.

Embora eu faça isso naturalmente, sei bem a razão de fazê-lo, não é nada obscuro ou intrínseco a ponto de não ter justificativa óbvia. As pessoas e suas ações são como música para mim. Fluem em suas vidas como notas guiadas por sei lá qual arranjo específico. Alguns são um jazz suave e bem trabalhado, outros são belos exemplos de heavy metal bem tr00 e alguns são claros techno-bregas desafinados. Curiosamente, não associo nenhuma música a mim mesmo. Talvez eu não consiga me "ouvir" tão bem a ponto de conseguir dizer que "som" tenho ou talvez eu simplesmente precise parar para pensar um pouco. De qualquer forma, na minha cabeça, eu sou uma melodia sem som.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Sobre rótulos e música.

Eu sou muito fã de Rammstein. Mesmo. Só que não é tão famoso assim, então quando falo dessa banda para alguém, tenho que explicar mais ou menos como é o som que eles fazem. Várias vezes já falei "ah, é uma banda de industrial metal" e recebi um "q" como resposta. E parando para pensar, é um termo bizarro mesmo. Geralmente acabo tendo que explicar que é um estilo de heavy metal em que se usa muitos elementos da música eletrônica para compor melodias, mas esse não é o problema. O problema é: será que é realmente necessário subdividir tanto assim?

Sinceramente, não faço a menor idéia de como se diferencia Death metal de Black metal e acho que vou morrer sem saber. Math metal, prog., power, doom, avant gard, tantas subdivisões num gênero que por se só já é um fragmento do rock me intrigam. Toda denominação que conheço, uso, é costume. Mas fico com a impressão de que em certos momentos essas categorias mais atrapalham que ajudam, a medida em que confundem e de certa forma até assustam o leigo.

Não conheço nenhuma banda de carreira longa que siga exatamente o mesmo estilo rotulado pelo nome daquilo que supostamente tocam o tempo todo. R+, por exemplo, tem várias músicas que nem na categoria "metal" se encaixariam. Alguns rótulos musicais são tão específicos que chegam a ser engraçados. Nue deutsche härde é um desses. Refere-se ao hardcore com música eletrônica da alemanha. Mas isso não é industrial? Não, é NDH, pq é feito na Alemanha. Curiosamente R+ não é desse estilo, apesar de ser alemão. É a vida.

terça-feira, 30 de março de 2010

Das decisões e achismos

Enquanto tentava estudar para uma prova, percebi que o volume de assunto era absurdo para uma semana. Entretanto, se tivesse acompanhado a matéria aula a aula como pretendia no começo do semestre, a tarefa seria muito mais simples. Se eu tivesse feito o que devia, a minha situação seria mais tranquila agora. Mas não estou aqui para divagar sobre minhas notas nem nada disso, mas sim para falar um pouco sobre o que eu penso do "se".

Sou uma pessoa que se arrepende ao mínimo. Não vou mentir e dizer que não me arrependo nunca, comecei este post dando um clássico exemplo de arrependimento. Entretanto, na maioria das minhas ações, tento colocar a maior honestidade e consideração que puder, buscando minimizar a chance de arrependimento. Muito do que eu faço se volta contra mim, é claro. Não é porque minhas decisões são as mais verdadeiras de que sou capaz que são corretas. Não decido com a lógica apenas e mesmo nas escolhas racionalmente feitas há a possibilidade do erro. Acontece que ainda assim, estrago feito e situação totalmente adversa montada, não vejo real motivo para imaginar o que poderia ter acontecido caso minhas ações fossem diferentes. Como dito antes, minhas ações são fruto de meu modo de ver o mundo. Assim, o meu não arrependimento vem do fato de entender que no momento da dada escolha, eu não conseguiria sozinho enxergar os fatos de outra forma, portanto, a única escolha da qual eu seria capaz é a que foi efetivamente feita.

Quem me conhece, sabe bem que eu adoro explorar todas as possibilidades sempre que possível e conveniente. Estudo misticismo e filosofia existencialista em paralelo, por exemplo. A pluralidade me intriga. É por querer ver uma mesma situação sob várias lentes que busco sempre conhecer pontos de vista novos. Devo acrescentar que amo um debate bem fundamentado, as pessoas que me provocam intelectualmente são as que em geral tenho como melhores amigas. Tudo isso é facilmente associado ao meu desejo de tentar fazer a melhor escolha possível dentro de minhas limitações. Principalmente, mas não apenas, arrependo-me das vezes em que não fiz a melhor escolha segundo o meu critério.

Voltando ao caso descrito no primeiro parágrafo: no começo do semestre, a melhor escolha seria estudar calma e lentamente, acompanhando o desenrolar da matéria. Escolhi a preguiça e agora passo o feriado mergulhado em exercícios de campo elétrico. É desse tipo de coisa que me arrependo, de saber o que é "melhor" e seguir um outro caminho por letargia, falta de pulso ou qualquer que seja a razão. Sim, mesmo que eu tivesse me preparado dessa forma, nada garante que eu estaria em melhor situação agora, porque dada a minha ignorância da magnitude do assunto, pode ser que este seja bem mais complicado do que eu imagino e que um volume muito maior de esforço fosse necessário. Mas no caso de ter permanecido fiel ao plano, garanto que não haveria arrependimento.

Não direi que só me arrependo do que não fiz, pois do que eu fiz, mesmo levando em consideração todo o meu modo de agir ideal, lembro sim de decisões péssimas que já tomei. erro como erra qualquer um que arrisca e vez ou outra erro de forma colossal. Mas já dizia a grande Narcisa, a vida mesmo louca e absurda é um eterno aprendizado, então tento tirar destes erros, principalmente dos que me incomodam mais, alguma lição. Nem sempre consigo, mas do pouco que aprendo, cuido bem.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Da Idiotia.

Tenho a mesma doença que o príncipe Míchkin. Não a epilepsia, a outra "doença".Eu e inúmeros outros tolos bonzinhos, legais e justos que só às vezes têm sorte de encontrar pessoas que os consideram. Entretanto, aqui cabe falar apenas de mim mesmo. A questão é que só quero falas do que conheço, deixo as especulações para outro momento. Assim, como supostamente me conheço o suficiente para entender minhas motivações, serei eu o alvo da análise.

Não sou incapaz de ferir alguém ou de ser injusto, só evito ao máximo agir assim deliberadamente. Mas em épocas como esta, em que todo o bom senso me falha por questões emocionais, enxergo na falta de caráter a resposta para obter êxito no que tenho falhado. Isso se repete muitas vezes comigo e sei que estarei imerso nessa lógica distorcida e individualista várias outras vezes. O detalhe importante aqui é que por mais que eu esteja mal, devastado, deprimido ou compadecendo de qualquer outro sentimento negativo, nunca fui e ainda não sou capaz de ceder á tentação de desistir do que eu entendo por correto. Espero continuar assim, porque mesmo que me custe muito sofrer por agir dessa forma, custaria absurdamente mais abandonar quem eu sou.

Essa dor uma hora passa. Demora, arrasa, esmaga e humilha, mas acaba. Porque tudo acaba, seja bom ou ruim. E depois da torrente de desgraças, se existirá algo bom para restar de prova, será a consciência intacta. Estar bem comigo mesmo me vale bem mais que qualquer pequena recompensa que a desvia de conduta poderia trazer. Vale mesmo. Vale o mundo. E é essa certeza que torna o desespero experimentado agora suportável.

E quem concordar comigo, meus pêsames, pois é mais um paladino anacrônico. Um tolo orgulhoso e cabeça-dura. E eu saúdo este tolo e seu coração forte.

domingo, 28 de março de 2010

Apresentação.

Porque senti a súbita e imbecil vontade de dar vazão a tudo o que me passa pela cabeça, começarei a fazê-lo. Não hoje e muito menos agora, mas por acreditar que tudo tem uma justificativa, entendo que a minha iniciativa devia também ser explicada.

Gosto das coisas que compreendo. Assim, nada mais justo que faça aquilo que exijo dos outros: ser claro. Não tenho a pretensão de ser lido com assiduidade, até porque muito do que será escrito aqui não será exatamente o que vejo, sinto ou acredito, mas só o que penso no momento em que escrevo. Eu não raramente discordo de mim mesmo, então não serei ofendido se alguém mais discordar.

A quem importar possa, pretendo saborear o veneno da auto exposição sempre que possível. Ou não.