quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Das saudades.

Será possível que se sinta falta de alguém a ponto de passar a imaginar que sentiu o perfume dessa pessoa num transeunte aleatório? Tive essa impressão dia desses e me foi tão doce quanto deprimente, pois a memória dos momentos com tal pessoa realmente me é preciosa, mas a situação atual é triste.

Sinto falta de um sem-número de coisas. Minha figura talvez pareça adversa ao sentimentalismo e eu por várias vezes me mostrei muito mais inclinado a racionalizar os sentimentos do que a "emotivar" pensamentos. Mas sou um tanto cínico a tentar me isentar de tudo assim. Este é um blog de opiniões e pensamentos meus, é impossível separar totalmente o que sinto do que escrevo. Ou mais, o que sinto do que penso. Mas não tenho essa pretensão: sinto o que penso com a intensidade de mil sóis. Tudo o que é dito aqui por mim sou eu, eu completo. A minha premissa real não é o isolamento entre as várias visões que eu tenho do mundo, mais racionais ou emotivas, mas sim a amálgama que me é perfeita: Vejo o mundo assim porque eu decidi vê-lo assim.

Meus sentimentos, portanto, estão longe de serem diminuídos. Eu os levo sempre e minha aparente frieza é falácia. Sinto tanta saudades quanto qualquer um. Ou até mais, pois por conhecer-me bem a ponto de conseguir entender a mim mesmo com certa mestria, vejo o sentimento em toda a sua pureza.

Não quero com isso dizer que estou em lugar privilegiado, dor a mais não é privilégio algum. E também não quero menosprezar os sentimentos alheios, não me coube nunca o papel de juiz ou modelo para o mundo e faço apenas do que me cabe. Por isso falo apenas o que sinto de saudade, não o que entendo por saudade. É conceito comum a todos e conhecido por todos, não vejo necessidade de analisar o que o mundo já entende melhor que eu.

Não sinto falta apenas de pessoas, mas de situações, de momentos e de posturas. É natural que as pessoas mudem, mas por que algumas tornam-se caricaturas do que foram? Porque permitem que o mundo as carcoma e molde como subproduto da inutilidade. Nada pior que uma pessoa que não pensa por si: está morta e caminha por entre outras, vomitando verdades alheias. Quem antes tinha o espírito leve e vivo e deixa que o tédio do mundo o mate me causa saudades. Esse mundo precisa de mais perguntas e menos "sims".

Sinto falta, sobretudo, de quando eu me contentava em saber dessas coisas e não tinha essa enorme presunção de querer mudar o que vejo de errado.

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