quinta-feira, 27 de maio de 2010

Sobre planos e destino.

Muitas correntes de pensamento e crenças defendem que se uma coisa acontece, é porque uma força maior como o destino ou uma entidade superior determinou isso. Uma bobagem enorme,na minha opinião. O futuro é apenas um conceito que define o que vai acontecer e não uma sequencia pré-determinada de acontecimentos. Tudo o que de fato acontece é consequência única e somente de um desencadeamento de fatos anteriores, não de uma vontade suprema. Sou bem existencialista na minha forma de encarar meus sucessos e fracassos e não vejo porque não ser.

Detesto quando me dizem "não era para ser". Não existe isso. Não foi porque a conjuntura dos fatos levou a não ser, ou melhor, levou a ser outra coisa diferente do esperado. Esse é um problema grave, a decepção. A chance das coisas acontecerem exatamente como desejamos é mínima, todos temos conciência plena disso. Basicamente, o que separa um otimista de um pessimista é a margem de diferença aceita entre a realidade e o ideal.

Alguém agora poderia me acusar de hipocrisia, visto que eu me interesso por tarot e coisas esotéricas. Digo que não acreditar em destino e ter esses interesses não são coisas mutualmente excludentes: pesquiso sobre a parte prática e científica, a análise psicológica envolvida nesses processos.

Se deu errado, tente de novo de outra forma ou parta para outra. Não é pondo a culpa em uma coisa sobre a qual não se tem controle algum que as coisas vão acontecer do seu jeito. E era isso.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Sobre relacionamentos e posse.

Dia desses, enquanto andava para esfriar a cabeça, comecei a pensar sobre o porquê de sentirmos ciumes. É lugar comum dizer que é tudo fruto de insegurança e coisas do gênero, então minha análise será sobre algo menos superficial do que a causa primeira, falarei do que creio ser a raiz do ciume e também de outros comportamentos associados.

Todo relacionamento é baseado no interesse. Exclua todo e qualquer juízo de valor da palavra interesse em minha afirmação: não falo de manipulação de pessoas para conseguir algo, refiro-me à necessidade básica do ser humano de se relacionar. Somos uma espécie coletiva, é natural unirmo-nos em grupos. Mais natural ainda é que esses grupos surjam por afinidades em comum, já que a unidade mantem-se muito mais facilmente entre pessoas que partilham gostos e pontos de vista. É desejo intrínseco do homem associar-se a outros, fruto da sua ciência da própria fraqueza. Fraqueza física mesmo. Os primeiros dos nossos união-se para caçar e para protegerem uns aos outros. Dividiram tarefas e resultados, algo comum em várias espécies sociais. A diferença em nosso caso é o avançado grau de consciência e, com isso, de complexidade dos laços formados. Ainda assim, nos relacionamos ainda pela necessidade de não estarmos sós.

Mais que isso, é pelo prazer de estarmos acompanhados. Ter um bom amigo é ter com quem contar quando se tem problemas e com quem dividir as vitórias. Ter alguém em quem confiar é algo tão prezado que acabamos criando mecanismos de defesa para as efêmeras relações humanas. Sim, bem efêmeras. Um relacionamento é baseado em compromisso mútuo de se comportar de uma certa maneira. Não há garantia nenhuma de que um dos envolvidos não vai simplesmente romper o acordo a qualquer momento. É claro que estou sendo canalha ao analisar friamente essa questão. Há sentimentos e outros aspectos que tornam esse rompimento algo nada trivial, mas o escopo da minha análise é racionalizar ao máximo o comportamento descrito.

Dos mecanismos de defesas criados, os mais comuns são o sentimento de posse e a hábito de ceder. O sentimento de posse é sem dúvida alguma o mais criticado e ao qual costuma-se referir de forma taxativa. Dele vem o ciume. Temos a tendência de acreditar que tudo aquilo que nos pertence não vai nos abandonar com facilidade e por isso, tomamos posse dos relacionamentos e das pessoas com quem nos relacionamos. Todos fazemos isso, em maior ou menor escala. Quando você se chateia porque um amigo seu falou com uma pessoa de quem você não gosta, é seu sentimento de posse falando alto e "alertando" contra um possível distanciamento dele da sua esfera de amizades. é natural e inevitável. O que pode ser evitado é o comportamento destrutivo associado a esse sentimento de posse. O mais interessante para mim é que a idéia da posse é um absurdo por se só, não só porque nunca se é dono de outra pessoa, mas porque não se pode ser dono de um relacionamento. É algo que não pertence a ninguém.

Mas quero me ater bem mais ao outro mecanismos citado: o hábito de ceder. Sim, eu o vejo como mecanismo de defesa. Essa é outra definição que faço aqui sem juízo de valor. Ceder é a base da diplomacia e é a porta do entendimento. Justamente por isso é um importante mecanismo de defesa de um relacionamento. Sem que se ceda, nenhum conflito pode ser realmente resolvido. A força não resolve problemas, ela só os desloca. Sem que se resolvam os problemas, eles se acumulam e acabam por tornar inviável a convivência entre duas ou mais pessoas. Sufocam qualquer intenção de relacionamento. A questão que gostaria de ressaltar é que ceder, embora necessário, pode ser tão ou mais perigoso que o excesso de sentimento de posse. Deixar que todos ao seu redor sempre tenham o que querem em detrimento ao que te é importante pode acabar com sua identidade.

Pode parecer absurdo dizer isso fora de contexto, mas todos já viram exemplos de pessoas que se entregam totalmente a outras e se deixam levar como garrafas atiradas ao mar. Tudo pelo intenso medo de perder algo que lhe é tão precioso. Chegam ao extremo de relegar o mundo em função de uma pessoa apenas. É triste, mas relativamente comum.

Há coisas que nos são naturais e inalienáveis, mas os comportamentos derivados delas são perfeitamente controláveis e dirigíveis. Não existe um ser humano que não sinta ciume quando vê uma ameaça ao que tem como seu ou que não saiba que ceder é o caminho mais fácil para conseguir simpatia, mas se não dosados corretamente, levam a problemas graves. E é isso o que tenho a dizer agora.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Sobre limitações e problemas bobos.

Estou com bolhas bem chatinhas e doloridas nos pés e isso afetou barbaramente a minha rotina. Hoje eu procurei os percursos mais curtos e otimizei as funções disponíveis em cada ambiente; a mesa do meu computador virou um pequeno forte com tudo organizado e separado para as minhas diversas atividades. Normalmente as minhas coisas ficam espalhadas e eu estou sempre andando pela casa para pegar isso ou aquilo de que preciso no momento.

Uma pequena limitação me forçou a agir com praticidade e devo confessar que minha tarde rendeu bastante por causa disso. É interessante notar que um pequeno problema pode de certa forma representar uma solução.

Acho engraçado como essa minha visão é compartilhada com tão pouca gente. O que mais vejo são pessoas que reclamam horrores da vida por pequenas aflições e incomodos menores. Bobagem enorme. O mundo não vai rodar ao contrário porque um chatinho bate o pé. caso o reclamildo em questão gastasse a energia investida na reclamação em ação para resolver seu problemuxo, certeza que o sanaria num piscar de dedos.

Isso me cansa. Principalmente quando comparo reclamildos aos hardasses que conheço. Pessoas capazes de segurar as pontas bem mais do que eu conseguiria sem sequer chiar. Essas sim merecem meu respeito. O mundo já é escroto o suficiente sem ter alguém no seu ouvido te enchendo a paciência porque quebrou a unha ou qualquer outra coisa mínima. Admiro quem tem que conviver com pessoas escrotas no lugar em que mora e só reclama quando a situação está realmente tensa. Quem é capaz de lidar com as situações ruins e só busca ajuda quando realmente precisa, sem ficar alugando o ouvido de outros por idiotices. O mundo seria um lugar bem mais agradável se não houvessem tantos reclamildos overeacting por ai.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Sobre sombras e luz.

Hoje, enquanto estava sentado esperando meu ônibus, olhei para a frente e vi sombras na minha frente. Mas não eram simples sombras, ela pareciam balançar como bandeiras ao vento, pareciam querer saltar do chão. Fiquei curioso com aquele efeito visual e numa busca rápida com os olhos, percebi que isto estava sendo causado pelas barras de aço das laterais do terminal de ônibus, que ao mesmo tempo que tinham sua sombra, refletiam um pouco da luz do sol em ângulos diferentes, causando uma impressão bem interessante nas sombras das pessoas que passavam do lado de fora.

Após um olhar mais atento, notei também que eu só via esse efeito de sombra trêmula no espaço bem em frente a mim: à direita ou à esquerda, as sombras dos transeuntes eram tão comum quanto quaisquer outras. Tudo uma questão do ângulo com que as observei. Conheço inúmeras pessoas que são como essas sombras.

Pessoas que por algum motivo, parecem ser mais interessantes do que realmente são. E assim parecem pois são vistas por ângulos especiais. Pelos olhos do apaixonado, pela lente do pupilo, pela visão do fã etc. Tornam-se únicas, diferentes, admiráveis. Tudo ilusório.. São só sombras, como milhões de outras.

Entretanto, felizmente existem pessoas que estão mais para luz que para sombras. Pessoas que realmente fazem a vida de outros melhor. Brilham por brilhar e fazem bem sem pensar. Não falo de santos, anjos ou whatever, nem sou dado a crer nesses tipo de coisa. As pessoas luz são aquelas que tornam a vida mais agradável só agindo naturalmente. Os bons amigos, aquele tiozinho jornaleiro que dá bom dia sorrindo sinceramente, aquele maluco que posta aleatoriedades num fórum e te faz rir feito um idiota, essas eu considero "luzes".

Meu chaveirinho é uma dessas pessoas pra mim, me faz feliz só por conversar comigo. O mundo precisa de mais luzes, já tem sombras demais. E vou parar de escrever antes que o meu tom torne-se muito auo-ajuda.