segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Sobre certezas.

Eu me questiono com uma certa frequência sobre minhas certezas. Não que eu costume mudá-las, mas eu acredito que é um bom exercício mental confirmar suas crenças aqui e ali. Sentimentos, pensamentos e impressões são mutáveis,evoluem, mudam de foco. Então, para me manter em contato comigo mesmo eu costumo refletir novamente sobre opiniões minhas já formadas e fundamentadas. Ter uma noção do rumo que venho tomando, uma sensação frágil de ter algum controle. Ou melhor, não controle, noção do que acontece.

Admito que não tenho muita preferência entre a mudança e a permanência das idéias no geral. Digo isso no sentido mais profundo de mudança, porque é impossível uma pessoa que gosta de exercitar a cabeça permanecer com as exatas mesmas idéias dado um bom período de tempo. Falo aqui da mudança superficial, a erosão que redesenha a superfície sem alterar a base de imediato.

Faço essa análise sem pressa ou desespero, gosto de estudar como o tempo e as experiências tem influência sobre mim. parece estranho, eu sei, que uma pessoa veja a si mesma como objeto de estudo. mas tudo o que é humano me fascina e eu mesmo não poderia estar excluído disso. Dito isso, devo acrescentar que tenho ficado feliz que minhas decisões importantes continuam sendo coerentes com meu entendimento do mundo. É importante andar lado a lado de si mesmo, não se perder. E não tenho me perdido de mim, embora não garanta estar em sintonia tão fina com outros.

Convido a todos a fazer o mesmo, se já não o fazem. Parar um pouco para respirar e pensar sobre si mesmo. Olhar fundo nos próprios olhos e conversar consigo. Muita gente não consegue o que quer porque nem sabe o que isso seria e essa é uma das causas maiores do desapontamento. A fórmula socrática é simples e atualíssima: conhece-te a ti mesmo. Faz bem, sabe?

sábado, 18 de setembro de 2010

Do pensamento livre.

De tudo o que eu defendo, certamente o pensamento livre é o meu maior protegido. E de preferência, o pensamento divergente. Meu ponto de vista é bem simples neste aspecto: onde não há confontro de idéias, não há espaço para que estas amadureçam. Meu blog é a minha prova maior dessa minha perspectiva, e embora ainda não tenha atingido o volume de debate que eu espero, de certo muito me agradam os comentários sobre o conteúdo que recebo aqui e ali.

Por mais simples que seja, meu horizonte no que diz respeito a esse assunto está longe de ser simplório. É cheio de pequenas nuances caracteristicas da minha tendência a ser cinza em vez de preto ou branco. Como dito antes, eu acredito que o pensamento deve ser trabalhado, lapidado. E a melhor forma de fazê-lo é confrontando-o com aquilo que é diferente dele, seja sua oposição ou discordâncias menores. Mas tal como diamante, deve-se formá-lo antes de lapidá-lo. Eu creio que toda idéia deve ter seu espaço para ser completamente formada antes de ser editada. Se há formatação do pensamento em sua fase de criação inicial, ele nunca mostrará todo o esplendor do que poderia ter sido. Em outras palavras, se antes mesmo de haver uma certeza em seu argumento ele já é contaminado pelo exterior, perde-se muito.

Todos que gostam de refletir, e não apenas engolir a verdade sensorial sem qualquer forma de tempero, acabam definindo seus próprios moldes de idéias. E é nas singularidades da mente que se encontra a verdadeira pureza que se deve dar ao nascimento de uma reflexão. Antes de ser apresentado ao mundo, o pensamento deve ser seu. E ao ser refinado por tudo o que não é seu, ele pode se tornar completo. A idéia livre não é a idéia que nasce em todas as direções, mas a que se deixa transformar em todas as direções, ou seja, a liberdade a que me refiro não é a apenas de criação, mas a de adaptação e mudança ou até mesmo de completa transformação.

Isto esclarecido, volto à importância dessa liberdade. O existencialismo nos brinda com o célebre conceito da condenação à liberdade. E é realmente um fardo, tanto quanto é um privilégio. Digo isso levando em conta a imensa responsabilidade em que ela acarreta. Pelo poder colossal que possue, torna-se arma perigosa na mãos de um orador de belas palavras e péssimas intensões. E ai reside mais um ponto importante:
a diferença entre liberdade e lidibinagem intelectual. Mas isso é assunto para outro post, não quero me prolongar mais. Até.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Do efeito placebo.

Não, não é um post sobre a banda, até porque eu não conheço nenhuma música deles. Efeito placebo, para quem não sabe, é quando você toma um remédio falso, mas ele acaba funcionando só pelo poder da auto-sugestão. Quero fakar sobre esse efeito nas relações humanas.
Pode parecer estranho, mas logo deixarei meu ponto de vista perfeitamente compreensível: falo das atitudes ou "verdades" falsas que são aceitas ou até memso preferidas como lubrificante das engrenagens sociais. Toda pessoa em algum momento acaba medicando sua mente de placebos sociais. A pequena ilusão nem é tão nociva assim, devo admitir, mas presencio mais e mais overdoses tristes.
A verdade, em algumas situações, é dolorosa. Mas de uma forma ou de outra, a verdade permanece o que ela é. Por mais que se ergam barreiras, por mais que se tomem analgésicos, se há dor, há algo errado em essência. A dor é o mecanismo de defesa mais básico. Ignorá-la ou tentar aniquilá-la sem atacar sua causa de origem é bobagem.
Mas é tão fácil fingir que nada acontece. Olhar nos olhos de quem nos incomoda profundamente e sorrir um sorriso amarelo e socialmente aceitável. Tenho asco disso. E apanho do mundo pelas minha demonstrações públicas de horror. Ser calmo e ser passivo são duas coisas diferentes. Da minha calma, inferem passividade e erram. Daí minha dificuldade em aceitar placebos sociais. Tentar ignorar um problema é a maior das passividades, uma gressão contra o espírito humano, que é agressivo por natureza. Confundem agressividade com destruição. Eu digo ser o oposto: o agressivo é o verdadeiro criador, o passivo é o verdadeiro destruidor. De si mesmo e de todos a quem dá exemplo.
Dá-se importância máxima à diplomacia da mentira, mas a real diplomacia, a real capacidade conciliadora está nas pessoas que não tomam placebos, mas tomam os mais amargos remédios e enfrentam os piores e mais dolorosos tratamentos a fim de realmente extinguirem o seu mal.
Eu aplaudo essas pessoas. E eu tento me incluir entre elas. De placebos sociais eu tenho ânsia, preciso de tratamentos de verdade.