domingo, 10 de julho de 2011

Das pequenas tristezas.

Eu compreendo completamente as minhas vontades. Não é pretensão, é fato. Sei exatamente o que me leva a querer o que quero. O que me escapa é o controle sobre estas situações. Recentemente havia "decidido" esquecer de uma vontade minha, um capricho, na verdade, mas apenas constatei a minha impotência no que diz respeito a certos aspectos da minha própria psique.

Tive, por um bom tempo, a infantil perspectiva de que conhecer a causa implica em controlar o desejo. Não poderia estar mais enganado. E me vejo em mais uma situação que prova a independência entre conhecimento e controle. Estou um tanto triste, o que é atípico nestes momentos de aprendizado mais intenso. Sendo o meu desejo saber mais, devo concluir que é natural não me agradar perceber que saber de que se trata uma situação não basta. E talvez nada baste para que certas coisas estejam sob total controle. Ou controle algum. Nisto sim eu admito a minha arrogância: meu desejo de ser senhor de tudo que diz respeito a mim mesmo.

Mas é impossível controlar-se totalmente de forma saudável. É justamente essa independência da vontade que torna a vida livre e fluida. É auto-multilação podar isso. Assim que seria mais justo comigo mesmo me entristecer por não ter o que quero do que por não ter controle sobre querer. Entretanto, sempre suponho a justiça como valor arbitrário. Teria então validade meu argumento? Sim, claro que sim. É do âmbito mais intimista e pessoal que trato ao falar de vontades. Então, para a esfera pessoal, um valor pessoal. Aos olhos da minha justiça, de nada vale substituir um aborrecimento menor por uma aberração contra a minha natureza. É pecado contra mim mesmo.

Um detalhe que é importante frisar: mas não seria outro capricho dos meus desejos querer que eu os controle? Talvez. Mas a liberdade, por se permitir tudo, nem sempre escolhe para si o caminho mais adequado. Isso é óbvio: se escolhesse, a razão seria inútil, o que não é o caso. Deve-se restringir a vontade de se anular, sempre. Ela é fruto de um pensamento medroso e vacilante. A liberdade deve ser usada de forma expansiva, não autodestrutiva. Então, reafirmo que tentar controlar os meus próprios desejos a ponto de que sejam apenas o que minha sensatez dita é idiotice minha. É pura covardia, olhando bem. O medo do desconhecido ataca de novo. Desconhecido aqui significando não o que não sei a causa, mas o que não posso controlar. Essa palavra não aceita esse significado? Agora aceita. Faz parte do ser reinventar. Mas isso é outro tema que merece mais que duas linhas, deixo para outro dia. E deixo, por hora, a minha insegurança de lado também.

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